Sob o lema “Construindo pontes de justiça e equidade” o Seminário Evangélico de Teologia, de Matanzas, Cuba, abrigou encontro nacional de reflexão bíblico-sócio-teológico e pastoral a respeito de temas pontuais como a perspectiva de gênero, a problemática da mulher, a masculinidade. A reportagem é de José Aurelio Paz e publicada pela Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação - ALC, 19-11-2009.
Fonte: UNISINOSFoto: Ivonte Gebara
O evento, encerrado na quinta-feira, 12, integrou a Década de Luta contra a Violência, instituída pelo programa de Mulher e Gênero do Conselho de Igrejas de Cuba (CIC).
“Propostas e desafios atuais da teologia feminista na América Latina e Cuba” foi o tema que reuniu as teólogas Ivone Gebara, do Brasil, Rebeca Montemayor, do México, a doutora Ofélia Ortega, de Cuba, e a pastora Miriam Laranjeira, da Igreja Presbiteriana Reformada de Cuba.
Ivone Gebara destacou que é importante trabalhar o tema voltado às massas, também para analisar as novas identidades femininas, “já que construímos a identidade desde o patriarcado, mas ao mesmo tempo construímos outras, para as quais temos que achar um significado”.
Em entrevista para a ALC, Gebara disse que “vivemos um momento crítico de dogmatismo e autoritarismo nas instituições religiosas”.
A teologia feminista no continente, disse, não se considera que ande muito bem, sobretudo dentro das igrejas onde quase não a suportam “porque significa aceitar uma crítica ao poder hierárquico que se concentra em mãos de uma elite masculina”, assim como os conteúdos, que “também estão no poder hierárquico”, afirmou.
É insuportável ouvir que a teologia é obra criativa somente dos homens, declarou. “Se a teologia é uma maneira de pensar os valores que constroem a vida, por aí vai a teologia feminista”, agregou.
A maior parte da produção teológica cubana sobre gênero não está nos livros, mas em artigos de revistas ou em teses do Seminário Evangélico de Matanzas, arrolou Ofélia Ortega.
O encontro também se dedicou a projetar as perspectivas teológicas e pastorais do futuro, de prática e raiz ecumênica, que leve em conta a problemática feminina, as masculinidades e as relações de gênero.