12/01/2009

Dom Sérgio da Rocha

















A paz: dom e tarefa


O início do novo ano tem sido ocasião de manifestação renovada do anseio de paz. As pessoas oram pela paz e desejam a paz nas felicitações de ano novo. Paz é dom! Por isso, pedimos a Deus este precioso dom, que acolhemos com gratidão e louvor, reconhecendo nele a fonte da paz. Paz é tarefa! Por isso, acolhemos com responsabilidade o dom da paz a ser cultivado em cada dia do novo ano.

Aqueles que acolhem o dom da paz, fruto do amor de Deus, tornam-se coresponsáveis pela construção da paz no mundo. É preciso construir a paz na vida cotidiana, através de gestos concretos de amor fraterno, solidariedade, compaixão e perdão. As pessoas e as famílias necessitam de paz. Contudo, o anseio e a necessidade de paz ultrapassam os muros de nossas casas e os nossos gestos pessoais. O clamor pela paz brota por toda parte, especialmente, nas periferias sofridas das grandes cidades, nas zonas marcadas pela violência e marginalidade, nas áreas rurais atingidas por conflitos de terra. Espalha-se pelo mundo em meio à destruição e ao sofrimento causado por conflitos armados.

A paz é fruto da justiça; sem justiça social não poderá haver verdadeira paz. Por isso, a construção da paz implica na superação das múltiplas formas de violência e desrespeito à vida, à dignidade e aos direitos das pessoas e dos povos. É importante recordar a concepção bíblica de paz expressa pelo termo hebraico “shalom”, que é de um conteúdo tão rico que dificilmente pode ser bem traduzido. Não se trata de mera ausência de conflitos ou guerras; não se confunde com passividade, acomodação ou vida fácil. “Paz” no sentido bíblico significa plenitude de vida, felicidade completa, o que inclui as condições de vida digna para a pessoa, a família e o povo.

Por isso, para se ter paz verdadeira e duradoura na sociedade, é preciso assegurar o cumprimento da justiça social. A propósito, temos o sugestivo e desafiador título da Mensagem de Bento XVI, publicada por ocasião do Dia Mundial da Paz, celebrado no primeiro dia do ano: “Combater a pobreza, construir a Paz”. Nela, destacam- se a “luta contra a pobreza”, a superação da “marginalização dos pobres” e a necessidade de “solidariedade global” entre países ricos e pobres, como também, no âmbito interno de cada nação, a fim de se construir a paz. Somos todos responsáveis pela paz; ninguém pode ficar de fora do mutirão permanente de construção da paz, que se faz de gestos pequenos do dia-a-dia até as grandes decisões políticas. Os cristãos têm a grave responsabilidade de oferecer sua contribuição, assumindo com esperança e renovado empenho esta tarefa da qual depende em grande parte o futuro da humanidade.

Fonte: Arquidiocese de Teresina