Francis Deniau, bispo de la Nièvre - França
Fonte: UNISINOS
Fiquei sabendo, como todo o mundo, que a mãe de uma filha de nove anos, grávida de seu padrasto, tinha sido excomungada por seu bispo no Brasil, junto com a equipe médica que procedera ao abortamento de sua filha. Como bispo, eu sou solidário de todos os bispos do mundo. A solidariedade impõe dizer os desacordos pessoais, senão ela não seria cumplicidade. Eu devo dizer ao meu irmão, o bispo de Recife – e ao cardeal que o apoiou – que eu não entendo sua intervenção. Diante de tal drama, diante da ferida de uma criança violada e incapaz, mesmo fisicamente, de levar a termo uma gravidez, havia outra coisa a dizer, e, sobretudo questões a se colocar: como acompanhar, encorajar, permitir sair do horror, reencontrar seu gosto pela vida? Como ajudar a filha e a mãe a se reconstruir? Nós balbuciamos, sobretudo nós homens, e devemos contar com as mulheres para estar lá com mais presença do que com palavras. Mas, palavras de condenação, um apelo à lei, por mais justa que seja: isto é o que não se deve fazer.
Jesus teria dito que a moral é feita para o homem e não o homem para a moral. Ele denunciou a hipocrisia daqueles que impõem pesados fardos sobre os ombros dos outros.
Eu confesso que acompanhei mulheres antes e após uma IVG. Eu creio que a Igreja católica assume sua responsabilidade social insistindo, a tempo e contratempo, no respeito à vida humana “desde a concepção até a morte natural”. Nós faltaríamos à nossa responsabilidade calando tal apelo, que expressa a defesa dos mais pequenos e mais frágeis. Depois disso, trata-se de acompanhar cada pessoa, em situações em que eu não gostaria de estar, e onde cada qual procura fazer o melhor que ele ou ela pode. Deus nos chama a decisões que podem ser exigentes, mas antes ele nos envolve com sua ternura, e ele nos acolhe nas obscuridades e nos dramas da vida. Eu espero dos homens de Igreja, meus irmãos, que eles não utilizem seu nome para condenar pessoas ou encerrá-las em sua culpabilidade.
Jesus teria dito que a moral é feita para o homem e não o homem para a moral. Ele denunciou a hipocrisia daqueles que impõem pesados fardos sobre os ombros dos outros.
Eu confesso que acompanhei mulheres antes e após uma IVG. Eu creio que a Igreja católica assume sua responsabilidade social insistindo, a tempo e contratempo, no respeito à vida humana “desde a concepção até a morte natural”. Nós faltaríamos à nossa responsabilidade calando tal apelo, que expressa a defesa dos mais pequenos e mais frágeis. Depois disso, trata-se de acompanhar cada pessoa, em situações em que eu não gostaria de estar, e onde cada qual procura fazer o melhor que ele ou ela pode. Deus nos chama a decisões que podem ser exigentes, mas antes ele nos envolve com sua ternura, e ele nos acolhe nas obscuridades e nos dramas da vida. Eu espero dos homens de Igreja, meus irmãos, que eles não utilizem seu nome para condenar pessoas ou encerrá-las em sua culpabilidade.