A celebração do centenário de alguém que amamos já é por si mesmo motivo de grande alegria e ação de graças. A celebração do nascimento de Dom Hélder Câmara, reveste-se de especial significado, pela sua importância eclesial e social, trazendo consigo a gratidão, o reconhecimento e a admiração de inúmeras pessoas e organizações espalhadas por todo o Brasil e pelo mundo. É uma ocasião especial para se conhecer sua vida centenária, seus escritos unindo profecia e poesia, sua fecunda atuação na Igreja e na sociedade, enfim, para agradecer a Deus por ele e com ele aprender. Em nosso querido Nordeste, temos razões ainda maiores para celebrar o seu centenário, pois se trata de um nordestino que embora tenha se tornado cidadão do mundo continuou fiel às suas raízes, solidário com o povo nordestino em suas alegrias e em suas dores. Nascido aos 07 de fevereiro de 1909, em Fortaleza, Dom Helder faleceu no Recife, aos 27 de agosto de 1999, como Arcebispo Emérito de Olinda e Recife.
O centenário do nascimento de Dom Helder possui uma importância que vai muito além da Igreja Católica, pois sua profética atuação pastoral, especialmente, no período da ditadura militar, repercutiu enormemente na sociedade brasileira e no exterior. Muito já se tem falado, escrito e estudado sobre ele. Por que se tornou alguém tão conhecido e tão amado? É difícil resumir em poucas palavras a resposta, pela grandeza de sua vida e missão. Sua atuação na Igreja Católica está marcada, dentre tantas outras iniciativas, pela sua participação decisiva na fundação de organismos de comunhão eclesial como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), bem como, por sua marcante atuação no grupo dos bispos do Terceiro Mundo durante o Concílio Vaticano II.
Revelava-se assim homem do diálogo, da comunhão e da co-responsabilidade, no seio da Igreja Católica. Místico que se emocionava ao celebrar a eucaristia e se comovia em encontrar Cristo nos pobres e sofredores, revelou a ternura de Deus pelos pequenos, com os quais se identificou. Na sociedade brasileira e no mundo, sua corajosa luta em favor dos direitos humanos, especialmente, da liberdade política e do direito dos pobres, fez dele um grande profeta da justiça, da esperança e da paz. Por sua atuação profética foi incompreendido e perseguido, como testemunha o período fecundo e sofrido de seu ministério durante a ditadura militar. Sua palavra continua a ecoar, abrindo horizontes e estimulando a caminhar na luta pela justiça e a paz. Seu sonho para este novo milênio, um mundo sem miséria e sem fome, continua a desafiar e animar a ação social e política dos cristãos. Bendito seja Deus por Dom Helder!
Fonte: Arquidiocese de Teresina