28/05/2009

Religiosos pedem perdão por abuso sexual


Os Irmãos Cristãos, a ordem católica mais denunciada no informe sobre abusos a menores na Irlanda, afirmou que reconhece com “vergonha” a dor causada às vítimas e lamentou a “inadequada resposta” oferecida pela congregação “nos últimos anos”. Em um comunicado, os religiosos reconhecem que tem a “obrigação moral” de reparar o dano infligido aos menores que estiveram sob sua responsabilidade em instituições estatais e prometeram “revisar” os recursos disponíveis para ajudar os afetados. A reportagem é da Agência Efe, 26-05-2009. A tradução é do Cepat.
Fonte: UNISINOS


Não obstante, mencionaram na nota que afastam a possibilidade de voltar a negociar com o governo irlandês, os termos de um vantajoso acordo assinado em 2002, e que lhes outorgou imunidade em troca de uma quantia de dinheiro que agora se sabe que é insuficiente.

Como congregação, reconhecemos e aceitamos nossa culpabilidade e nossa obrigação moral com os antigos residentes, com as presentes e futuras gerações de crianças e com a sociedade em geral”, diz a carta.

Descartado, um aumento de aporte econômico acordada com o governo, os Irmãos Cristãos propõem estudar, através de “consultas com ex-residentes e o governo”, como podem utilizar os seus recursos “para compensar pelos abusos do passado e investir em educação”.

Como congregação – insiste a nota – queremos acertar as coisas e suplicar que nos perdoem. Nosso primeiro passo para isso será escutar com uma nova perspectiva aos antigos residentes, a seus familiares e aos grupos que os representam, um processo que começará imediatamente”.

As 18 ordens católicas responsáveis do abuso de milhares de menores na Irlanda já anunciaram que aumentarão os seus recursos, econômicos incluídos, para assistir as vítimas, mas reafirmam que não renegociarão o acordo de 2002, que fixa o máximo das indenizações em 127 milhões de euros.

Segundo a Conferencia de Religiosos da Irlanda (CORI), as congregações preferem “tratar diretamente” com os afetados e “usar todos os seus poderes para canalizar qualquer ajuda diretamente” às vítimas.

O governo irlandês já admitiu que carece de instrumentos legais para obrigar a Igreja Católica a pagar mais compensações às vítimas e que o restante do dinheiro destinado as indenizações será custeado pelo Estado que até o momento há contribuiu com quase 800 milhões de euros.

O acordo de 2002 oferecia imunidade a todos os membros de ordens religiosas denunciadas por abusos em troca de que as autoridades eclesiásticas transferissem ao Estado, em dinheiro, uma quantidade avaliada em 127 milhões de euros.

O acordo foi assinado pelo ministro da Educação, Michael Woods, no dia anterior à saída do cargo, convencido de que o total das indenizações não superariam 300 milhões de euros. Depois da publicação do informe sobre abusos a menores cometidos durante quase 70 anos em instituições estatais, administradas em sua maioria pela Igreja, se sabe agora que não apenas houve milhares de vítimas, mas sim que a fatura final poderá alcançar 1,3 bilhão de euros.

A posição das congregações contrasta com as do primado da Igreja irlandesa, o cardeal Seán Brady; do arcebipo de Dublín, Diarmuid Martin, e do bispo de Killaloe, Wilie Walsh, três das vozes mais críticas com os desmandos dos religiosos. Os três tem defendido a necessidade de revisão do citado acordo e tem pedido para as 18 congregações contribuam com mais dinheiro.