13/02/2009

Dom Sérgio da Rocha

A força da esperança

A felicidade de uma pessoa depende muito do seu modo de viver o passado, o presente e o futuro. No âmbito da língua portuguesa, saber conjugar corretamente os tempos verbais já não é tarefa fácil para muitos, especialmente, quando verbos complicados estão em questão.

Saber conjugar, de modo feliz, o passado, o presente e o futuro, na própria vida, torna-se tarefa cada vez mais difícil, embora irrenunciável, especialmente, quando estamos diante de situações complicadas ou de ações difíceis de serem definidas corretamente.

O primeiro desafio é aprender a olhar o passado de modo justo. A atitude de simplesmente negar problemas ocorridos, situações traumáticas, na própria história pessoal ou na história familiar, não ajuda efetivamente a superá-los. Viver presos ao passado, ruminando situações tristes e so- fridas, impede de caminhar rumo à superação e a vida nova.

Ao invés de negar ou sobrevalorizar o passado é preciso olhar com serenidade, reconhecendo com gratidão as alegrias e os valores vividos e, ao mesmo tempo, assumindo com humildade as limitações e as falhas, sem a elas se prender, mas com elas procurando aprender. Aprendemos com a história.

Aprendemos com a própria história pessoal. É certo que o passado condiciona, influencia o presente e o futuro. Diversos pensadores nos campos da psicologia, da filosofia, das ciências sociais, enfatizaram a força do passado, seja na vida pessoal ou na social. Contudo, não se pode cair no determinismo ou numa postura fatalista, pois o passado não é o único fator que conta na vida e na história.

É preciso aprender a conjugar, com esperança, o futuro. É preciso resgatar a força da esperança e do amanhã na vida cotidiana e na história da humanidade; refazer a experiência da força transformadora da esperança. A esperança nos anima a caminhar, ultrapassando situações limites, rumo à vida nova e a nova sociedade.

Diversas correntes de pensamento têm ressaltado o valor do futuro e da esperança, como motor da vida e da história. O ser humano traz consigo a capacidade de superar o passado, de transcender o aqui e agora, olhando prá frente, recomeçando sempre.

As experiências passadas podem ser importantes, porém, o olhar para o futuro com esperança é fator decisivo na vida. A abertura ao amanhã, a potencialidade para crescer e se desenvolver sempre mais, caracterizam a natureza da pessoa humana orientada à plenitude de vida.

Entretanto, o duplo olhar, para o passado e o futuro, se funde e se atualiza na vivência do presente. Viver intensamente o presente é preciso, porém, sem perder-se no instante, na fruição desenfreada do aqui e agora, imposta pelo ritmo frenético da vida atual em sociedade.

Absolutizar o presente é equívoco que tende a levar a uma existência superficial, que ignora o passado e desdenha o futuro. Viver o passado com serenidade e o futuro com a esperança que vêm de Deus. A esperança em Deus, a esperança fundada em Deus, não decepciona jamais.

A importância da esperança fundada na fé é tão grande que mereceu ser tema de uma encíclica de Bento XVI, a Spes Salvi. Todo ser humano precisa de esperança.

O cristão encontra sua esperança alicerçada na vitória de Cristo, na força do Ressuscitado; por isso, acredita no amanhã, acolhendo-o como dom de Deus e oportunidade de renovação e crescimento. Com a luz da fé, é possível não apenas sonhar com o nascer do sol em plena noite, mas antecipar o próprio amanhecer.

Fonte: Arquidiocese de Teresina