01/04/2009

Karl Rahner, 25 anos depois

Depois da missa deste domingo, um paroquiano da Alemanha me lembrou que no dia 30 de março deste ano era o 25º aniversário da morte de Karl Rahner, um dos teólogos católicos mais importantes do século XX. Eu me lembro que me senti órfão quando fiquei sabendo de sua morte e imaginei onde poderíamos chegar, no futuro, com os seus insights a respeito de condições e situações na Igreja que muitas vezes recebemos dele. O texto é de Joseph A. Komonchak, publicado no blog da revista Commonweal, 29-03-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Fonte: UNISINOS

Se tivéssemos que julgar isso pelo número de dissertações dedicadas às ideias do pensador, poderíamos concluir que os dias da influência de Rahner acabaram e que a tocha foi passada para Hans Urs von Balthasar. De fato, a preferência de orientação teológica geralmente é colocada em termos de escolher entre Rahner and Balthasar. Há alguns anos, eu participei de uma conferência na universidade de Notre Dame sobre esses dois grandes teólogos. Um balthasariano acusou Rahner de comprometer a transcendência divina com a sua abordagem antropocêntrica. Eu achei isso estranho por vir de um discípulo do homem que afirma saber uma extraordinária quantidade de coisas que aconteceram entre Deus Pai e Deus Filho no Sábado Santo!

Eu não conheço nenhum teólogo que enfatizou e tensionou mais a transcendência do divino Mistério em nossos fracos esforços de compreendê-lo do que Rahner. Ele encarnou o adágio agostiniano: "Si comprehendis, non est Deus" [Se compreendes, não é Deus]. A incompreensibilidade de Deus, mesmo depois da sua autorrevelação em Jesus Cristo-Mistério que permanece Mistério, não por causa de uma falta de inteligibilidade, mas por um excesso de inteligibilidade, em nenhum lugar maior do que no mistério que iremos celebrar na próxima semana, quando o mistério que é excesso de significado encontra e supera a absoluta falta de sentido que é o pecado.

O gênero escolhido por Rahner foi o ensaio teológico, e ninguém pode fingir que os seus ensaios são fáceis. Mas também é possível entender alguma coisa do homem, por meio de seus breves trabalhos sobre oração e em trabalhos como "The Shape of the Church to Come" [do original Strukturwandel der Kirche als Aufgabe und Chance], que ainda nos oferece uma proveitosa leitura.

Uma história: Johannes Quasten, grande patrologista e professor de universidades católicas, costumava visitar a senhora Rahner, mãe de Hugo e Karl, quando tinha que retornar para a Alemanha para suas visitas no verão. Uma vez, quando ela estava com uma idade bem avançada (ela viveu mais de 100 anos), Pe. Quasten comentou alguma coisa que Karl havia dito sobre alguma controvérsia da Igreja na Alemanha. A senhora Rahner, então, respondeu: "Oh, Pe. Quasten, não preste atenção em Karl. Ele sempre exagera!".

É bom saber que Karl Rahner tinha uma mãe também.